domingo, 2 de março de 2008

Reamar...é possível?!


Eu sei, deves estar a perguntar: que raio de verbo é esse?!?! Reamar não existe no dicionário, mas fiquei com esta dúvida... porquê?

Existem verbos como recomeçar, reconquistar, reaprender, recriar, reconstruir... Tantas acções que podem ser refeitas, no entanto, algo aconteceu com a hipótese de amar um mesmo alguém novamente. Tudo bem, podemos falar desta possibilidade e usar outras palavras, mas porque não ser directo e objectivo e simplesmente propor o reamor?

Talvez a inexistência deste verbo - indicando a impossibilidade desta acção - queira apenas reforçar o quanto é difícil reacender um amor que se apagou. No entanto, gostaria de insistir na crença de que, por mais difícil que seja, é possível!

Talvez não em todos os casos, mas em muitos. Talvez não sem antes inúmeros reconhecimentos sejam feitos, muitos perdões sejam dados, muitos erros sejam admitidos. Enfim, talvez realmente não seja possível reamar uma pessoa, tendo em conta o facto de que já a amamos numa outra época e, por quaisquer motivos, tenhamos deixado de amá-la. Porém, talvez seja.

Então, penso que ao menos nos deve ser dada esta oportunidade, esta opção, a de reamar. Reamar para que uma relação seja ressuscitada depois de um tempo que foi preciso para reavaliar todas os desastres cometidos...reamar para reconsiderar a oportunidade de ser feliz.

Tenho lido, especialmente de homens - acreditem! - a questionar a vulnerabilidade das relações, a fragilidade do amor, a falta de profundidade nas escolhas. É verdade, é isso, mas eu iria além. Não é só isto que existe. Diria que também existem muitas relações verdadeiras, amores sinceros, escolhas convictas e que, ainda assim, vão murchando, perdendo o brilho, a vontade, a intenção de sobreviver.

E digo isto porque acredito que amor é feito para se cuidar, como uma planta que precisa de ser regada e alimentada para florescer. Acredito que largar um amor é levado para o esquecimento. E amor esquecido é condenado à morte.

Portanto, não me arrisco a apostar no reamor sem que haja, sobretudo, um desejo imenso de ressuscitá-lo, de reerguê-lo; sem que haja muita disponibilidade para falar e ouvir, para a compreensão e o acolhimento, para que sejam reconstruídas pontes e mais pontes que nos levem de volta ao caminho perdido.

Não sei quantos de vocês já conseguiram reamar... Nem sei se acreditam nesta possibilidade. Talvez este verbo não exista porque a sua actuação seja (quase) impossível, tão remota que não valeu a pena inventá-lo. Mas talvez não...

Talvez ele não exista no dicionário e na linguagem falada para que se possa sobrepor ao esperado, para que surja como magia, arrancado de um sonho encantado, criado por pedido de criança para o seu anjo da guarda...feito de promessa de amantes na urgência da despedida. Talvez...

Por enquanto, vou ficar assim...a preferir acreditar, a apostar numa palavra que as bocas não dizem, mas que grita no coração daqueles que se sabem de volta, sem se importarem com o que não foi vivido... apenas com o que pode ser revivescido.

Porque basta querer para que tu possas recomeçar... que não seja agora, talvez... mas que seja um dia, quando for a hora!

Sem comentários: