"Desisto de ti porque até o amor tem limites, tem um fim anunciado, mesmo quando não acaba.
Desisto de ti com a mesma força com que amei e por isso tenho a alma rota, o coração guardado numa caixa, com fotos, cartas e outras coisas ridiculas. E aqui estou eu. E é como se fosse invisível esta dor insuportável que me aperta o peito e me fixa o olhar como se estivesse drogada, dopada e incapaz de ser mais do que esta representação de mim mesma.
Desisti de ti e comuniquei-o a todo o meu corpo. Disse à minha pele que esquecesse a tua, o teu perfume afinal nunca existiu e os meus ouvidos nunca reconheceram os teus passos na escada. Mas apenas a minha cabeça compreende perfeitamente esta decisão. O resto de mim foi-se embora e não sei quando voltará, porque leva tempo a habituarmo-nos à tua ausência, a mim e ao meu corpo e à minha alma. Quanta gente sentirá o mesmo? O amor é sempre igual, mesmo quando é diferente. A urgência do outro, do corpo do outro, da voz e sei lá que mais, tudo é igual em quem ama. Por isso a separação também é idêntica. E neste preciso momento uma boa parte da humanidade tem estes olhos vazios, este amargo na boca e aperto no estômago. É engraçado saber-me acompanhada por desconhecidos. É engraçado e irónico que entre essa multidão não estejas tu.
Desisti de ti e tu nem sequer o percebeste... Apenas um número de telemóvel retirado na lista, apenas alguém que te fez rir e ter prazer. É este o resumo da minha história. Engraçado, não é?"
(Luisa Castel-Branco)
terça-feira, 26 de julho de 2011
Desisto
Por vezes vêm ter ao nosso encontro palavras magníficas, hoje foi um conjunto delas que passo a citar:
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